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Os povos ciganos levavam uma vida itinerante. Eram conhecidos como nômades e viajantes, sempre se locomovendo de uma cidade para outra, especialmente devido ao preconceito que encontravam. Assim, como forma de sustento, os ciganos viviam, sobretudo, da comercialização de animais. Os homens eram os responsáveis pela troca e venda dos bichos, e as mulheres praticavam a quiromancia (leitura das mãos), tradição cultural e secular dos ciganos.
Hoje, muitos ainda sobrevivem do comércio. As manifestações culturais, como a dança, também fazem parte da renda. No Ceará, porém, os povos ciganos assumiram características sedentárias, e se fixaram nas cidades. Ainda que mantenham a tradição de viajar para realizar negócios, a maioria dos ciganos no estado vivem de serviços autônomos, como a venda de produtos em feiras ou de porta em porta. As mulheres mais velhas ainda mantêm a tradição da leitura de mãos.
Com a pandemia do novo coronavírus, a renda dos povos ciganos foi diretamente afetada. Sem sair de casa devido ao isolamento social, e o consequente lockdown - implementado pela primeira vez em maio de 2020, e pela segunda vez em março de 2021 -, os ciganos enfrentam muitas dificuldades para garantir o prato de comida na mesa ao fim do dia.
De acordo com o cigano Batista, da comunidade cigana de Crateús, estão todos parados. As mulheres não estão trabalhando, e nem os homens, que vivem do negócio. "Situação muito difícil, sabe? Alguém tem que olhar a nossa situação e fazer alguma coisa por a gente, sabe? Porque somos um povo sofrido, discriminado, um povo que eu não sei nem te explicar a real situação do que a gente passa. Porque a maioria desse povo nosso aqui são pessoas que não tem um emprego, não tem uma renda, não tem um trabalho, não tem nada."
Os ciganos encontraram dificuldades em se cadastrar no Programa de Auxílio Emergencial oferecido pelo Governo Federal, que variou entre 600 e 300 reais durante o tempo em que esteve ativo em 2020. Porém, eles não desistiram. As comunidades ciganas e suas lideranças tiveram que se articular para assegurar que os itens necessários à sobrevivência, como os alimentícios e de higiene, não chegassem perto da escassez total, principalmente durante os meses mais críticos da pandemia.

Performance artística realizados por ciganos da etnia Calon. Crédito: Rogério Ribeiro/reprodução

Performance artística realizados por ciganos da etnia Calon Crédito: Rogério Ribeiro/reprodução

Na foto, cartas de tarô, leque, pandeiro e imagem religiosa. Crédito: Rogério Ribeiro/reprodução

Performance artística realizados por ciganos da etnia Calon. Crédito: Rogério Ribeiro/reprodução