A origem dos povos ciganos é incerta, assim como a sua data de chegada no Brasil. Rodrigo Corrêa Teixeira, em seu trabalho sobre a história dos ciganos, cita a chegada do cigano João Torres, sua mulher e filhos em terras tupiniquins no ano de 1574, durante a colonização.
Em 2018, o aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS)/Icict/Fiocruz, Aluízio de Azevedo Silva Júnior, defendeu a tese intitulada "A Produção Social dos Sentidos nos Processos Interculturais de Comunicação e Saúde: a apropriação das Políticas Públicas de Saúde para ciganos no Brasil e em Portugal", na qual afirma que Portugal, no século 16, foi o primeiro país a lançar uma política agressiva contra os ciganos, chamados de 'romani' na época.
Assim, os ciganos eram banidos para o Brasil ou países africanos. Segundo Azevedo, por meio de um decreto do então rei de Portugal, Dom João III, a legislação portuguesa vigente na época legitimava a colônia americana como destino para os ciganos já na metade do século XVI.

Crédito: Wikimedia Commons

Crédito: Scheufler Collection

Grupo de ciganos alentejano indo para a feira de Alter-do-Chão

Crédito: Wikimedia Commons

Após sua chegada no Brasil, os ciganos, caracterizados como povos viajantes e nômades, se espalharam pelo território, e hoje podem ser encontrados em mais 21 estados ao redor do país. No Ceará, de acordo com o projeto "Comunidade Cigana de Sobral", do autor José Rogério Fontenele Bessa, os ciganos se instalaram no município de Sobral durante a década de 1930, mais especificamente no ano de 1936, e iniciaram o processo de sedentarização na região.
Atualmente, a comunidade presente no município se concentra no bairro Sumaré e possui cerca de 400 membros. Os povos ciganos não deixaram registros escritos, então, muito do que se sabe sobre sua história parte de testemunhos literários, relatos e memórias de outras pessoas.
É importante mencionar, embora de forma breve, que no Brasil os ciganos estão divididos em três grandes grupos: Calon (ou Kalon), a mais presente no país; Rom. e Sinti. Estes dois últimos ainda se subdividem em diversos grupos e subgrupos, de acordo com os estudos feitos por Azevedo.
Ainda de acordo com o autor, os povos da etnia cigana Calon, durante mais de 400 anos, foram os que desembarcaram e viveram no país, graças à presença dos portugueses no Brasil. Dentre a estimativa de 3 milhões de ciganos no Brasil, essa mesma etnia é a predominante no Ceará, conforme registros históricos divulgados pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).